sábado, 16 de maio de 2009

Livina vs. Meriva: a novata é uma boa opção?

Primeiro nós sonhamos em comprar um carro, depois casamos, partimos para um sedã e logo chegam os filhos. Se há uns 20 anos só encontrávamos nas peruas opções de carros versáteis com espaço para toda família, pelo menos o tempo fez com que um novo tipo de carroceria tomasse de vez seu espaço nas garagens das famílias: as espaçosas minivans.
Dos tempos em que basicamente tínhamos como opção o Mercedes-Benz Classe A ou o Renault Scénic, ambos da segunda metade da década de 1990, muitos quilômetros já foram rodados e concorrentes surgiram no mercado. Lançado em agosto de 2002 no Brasil, o Chevrolet Meriva ostenta hoje um bom número de clientes graças a uma relação custo/benefício atraente e fechou 2008 com 22,8% de participação em seu segmento, atrás do Fiat Idea, que obteve 25,3%.
Mas agora uma novata minivan promete chacoalhar o até então tranquilo reino dos monovolumes. A novidade tem origem japonesa e atende pelo nome de Nissan Livina, o primeiro automóvel de passeio fabricado pela marca no país e que estreia a tecnologia bicombustível da montadora nipônica.
Quando a análise começa
Uma das qualidades que a Nissan exalta em seu primogênito é o preço básico e o nível de equipamentos que ele contempla nessa configuração. Por isso, reunimos aqui as versões de entrada do Livina, a 1.6 Flex, que parte de R$ 46 690, e do Meriva, a 1.4 Econo.Flex Joy, com preço inicial de R$ 43 549.
Pois bem, monovolumes lado a lado, vamos às comparações. Dentre os principais equipamentos, o Livina conta com ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico e airbag frontal para motorista. O Meriva, por sua vez, é R$ 3 141 mais barato em sua versão básica, que oferece ar-condicionado, direção hidráulica, alarme, travas e vidros elétricos e aviso sonoro de faróis ligados, dentre outros. Para equipá-lo com a importante dupla de segurança airbag /ABS é necessário comprar um pacote que inclui mostrador digital com hora e temperatura o qual deixa a minivan da Chevrolet com um preço final de R$ 46 382.
Completo, o Meriva é R$ 308 mais barato que o Livina, vem equipado com airbag duplo e não apenas para o condutor, como na sua concorrente, e ainda conta com ABS, sequer disponível como opcional no Livina de entrada. Se o Meriva já sai na frente no custo/benefício, outro quesito no qual ele leva vantagem é na manutenção.
Pelo seguro, cotado de acordo com o mesmo perfil para uma apólice nova e sem bônus para os dois veículos, já é possível notar a diferença. O valor do prêmio para o monovolume da Chevrolet ficou em R$ 1 591, enquanto a seguradora pediu R$ 1 785 para proteger o patrimônio de um eventual dono(a) de Livina, uma economia de R$ 194 a favor do Meriva. Em nossa cesta de peças, composta por kit de embreagem (disco, platô e rolamento), par de amortecedores, jogo de pastilhas, retrovisor direito e paralama esquerdo, o Meriva também se mostrou um bom negócio. Todos os itens poderiam ser comprados por R$ 1 842,74 enquanto a própria Nissan informou que os cinco itens para o Livina custam R$ 2 862,32, uma diferença e tanto de R$ 1 019,58. Ao menos a fabricante oferece três anos de garantia para o Livina ante um ano da Chevrolet ao Meriva.
Na hora da viagem, qual é o melhor?
O Livina de entrada, como o testado por nós neste comparativo, utiliza o mesmo motor 1.6 16V da Renault, que desenvolve 108 cv de potência a 5 750 rpm e 15,3 kgfm de torque a 3 750 rpm com álcool. Já o 1.4 Econo.Flex do Meriva entrega 105 cv de potência a 6 000 rpm e torque máximo de 13,4 kgfm a 2 800 rpm também quando abastecido com o combustível vegetal.
Se na análise do custo/benefício o Meriva deu um show, na hora de medirmos os desempenhos de cada um o Livina deu o troco. A aceleração de 0 a 100 km/h do Nissan foi cumprida em 12s1, enquanto o Chevrolet precisou de 13s2. Nas importantes provas de retomada, que simulam uma situação de ultrapassagem na estrada, por exemplo, o Livina mostrou a importância não só dos 3 cv a mais, mas principalmente do torque superior. Para ir dos 60 km/h aos 120 km/h, o carro da Nissan precisou de 12s2 enquanto o Meriva levou 20s2. O mesmo cenário se repetiu na retomada de 80 km/h a 120 km/h, na qual o Livina precisou de 9s4 contra 13s3 do Meriva.
Porém, esse desempenho melhor do Livina será cobrado na hora do reabastecimento. Com álcool, ele percorre 6,6 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada, uma média de 8,1 km/l. O Chevrolet, por sua vez, fez 8,8 km/l em percurso urbano e 10,3 km/l no trajeto rodoviário, média de 9,5 km/l. Outra diferença no comportamento das minivans está na dirigibilidade. No Meriva, o condutor fica posicionado na clássica disposição de um monovolume, mais verticalizada, enquanto a disposição no Livina tende a de um carro convencional, com o motorista mais “deitado”. No comportamento, o Meriva é estável quando conduzido de acordo com a proposta do carro e não dá sustos. Apesar de mais alto que o Livina (1,62 m contra 1,57 m), a resposta de ambos é semelhante, sendo que a suspensão do Livina merece elogios por sua calibração.
Apesar de melhor acabado, com as peças plásticas bem encaixadas, o Livina traz algumas incoerências em seu projeto. Enquanto oferece boas soluções de engenharia, como o reservatório para partida a frio em um compartimento separado que não necessita da abertura do capô, seu sistema de travamento central não conta com abertura à distância e, por incrível que pareça, obriga o motorista a abrir a porta e acionar o botão manualmente para destravar as portas restantes, pelo menos na versão de entrada testada por nós. Algo bem desconfortável, tendo em vista que até carros de entrada, como o Ford Ka, contam com sistemas mais modernos.
O Meriva, entretanto, já oferece sistema de abertura das portas à distância e os sistemas “Leve-me até o carro”, que mantém as lanternas e luzes de iluminação da placas acesas por 30 segundos, e o “Luz de Boas Vindas”, que acende as luzes do painel por dez segundos quando o carro é destravado. Pode parecer detalhe, mas são itens como esses que podem fazer a diferença na hora da compra.

Com tudo analisado no papel, o Chevrolet Meriva é a melhor escolha quando comparado ao Nissan Livina. Em suas versões de entrada, o Meriva entregou mais equipamentos por um valor menor, além de ser mais barato para manter. Seu ponto fraco é o desempenho, mas a seu favor está o maior número de concessionárias, 559 estabelecimentos ante 68 da Nissan espalhados pelo Brasil. É bem-vinda a chegada do Livina para dar mais vida ao segmento, mas por enquanto ele terá de se virar para enfrentar os mais experientes.

Fonte: Carro Online

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